sábado, 12 de abril de 2008

Natalie Dessay - Glitter And Be Gay

O PIANO DO IGL - 12/04 - Spencer

Algures, perdida no branco e preto das teclas de um piano, estava uma moça, que através de uma bela melodia de falanges, me proporcionou algo que seria impossível se cantando o fizesse.
Imaginei aquele momento. Transformei-o num bolo. É que a sua gesticulação, em tudo aparentava estar a fazer um belo bolo. Ai que belo Rach. A moça, com os seus dedos pequenos ia fazendo no centro do piano a massa para o seu bolo. Ia pondo os ingrediente ao longo dos batimentos em volta da taça do Dó central. Quando lhe faltava um pouco de farinha, lá ia ela até aos baixos do seu piano, e daí tirava muitas pitadas - de sal, de farinha, uma clara de ovo - que iam compondo a bela receita que se iria revelar deliciosa.

A seguir após esta chuva de pitadas, a bela cozinheira de notas e de sons, pôs o seu bolo no forno - untou a forma e colocou-o a uma temperatura amena dentro do buraco dos calores. Então, esperou que cozesse e apostou num subtil jogo de espera, já que ansiava pelo momento em que pudesse provar a massa cozida, que resultaria numa mistura brutal de sabores e cheiros , sons e olhares. Então, ao longo da sua espera, ela foi-se desenrolando e quanto mais água na boca tinha mais gritava o seu som, até ao ponto em que abriu o forno e de lá tirou a sua obra. Queimou-se, e daí saiu um som terrível, de aflição e dor. Mas, que culminou com a prova suave do bolo após o desenformar. Comendo o seu mais que tudo, ela ia-se deliciando e ia bebendo o seu chá morno de camomila, tão morno como o seu sentimento final, muito mais calmo, numa busca da paz, de um sono bonito.
É, então, que após comer este bolo, ela vai descansar, e o seu acorde final, vai ser uma apoteose de alegria misturada com um sono tremendo num, sendo uma pura sesta numa quinta calma, numa bela tarde de Verão.