domingo, 11 de outubro de 2009

Sinfonia

Todos os dias componho uma nova sinfonia! A minha vida inspira-me a ter sempre algo a dizer, a fazer, a procurar. Sou no fundo um ser vivente que entre andamentos, vivências e instrumentos me vou deixando desenvolver! Sou único pela exclusividade da minha sinfonia, pelo estilo próprio, mas sempre, um ser em transformação e não completo.
Em cada manhã, quando me levanto, sinto o peso da responsabilidade de criar mais uma sinfonia, – “Meu Deus, já escrevi milhares” – de preferência mais bela e interessante que a anterior, visto parecer unânime que uma vida monótona não se torna muito aliciante. É notório que há pessoas que estão cansadas de viver, de viver num transtorno constante. Eu, sinto sempre esse peso – “Não quero ser mais um, quero ser UM!”
Quem sou eu afinal? Um misto de influência genética, mas sobretudo de carga social e de influência de um meio, castrador e libertador.
Pergunto frequentemente de onde me veio uma certa predisposição para a música. E porquê a música lírica ou de orquestra? E porque não a música popular? Quem sou então, o que me faz gostar mais disto ou daquilo? Um mero acaso?
Tanta interrogação retórica para tentar compor uma sinfonia, uma sinfonia que é manifestação divina, arte plena, mas cujo compositor não consegue entender! O compositor é assim mera mensagem entre o divino e o mundo! É um inter-comunicador! Um trabalhador explorado, mas ironicamente feliz! Sente prazer sem saber porquê e compõe dia após dia uma vida que ele não compreende! Serei eu um compositor assim? Consciente das limitações da existência e crente em algo indigno de credo! Será? O divino dá-nos uma capacidade fantástica de questionar, mas parece não nos querer responder! Semeia as questões, a capacidade de duvidar, mas não se digna a dar respostas.
A minha colecção de sinfonias está incompleta! Muitas hão-de vir, umas ao género poema sinfónico, outras mais abstractas! Sem dúvida, uma colecção única!